Resolvi escrever este post depois de assistir à ótima entrevista do competente jornalista Mauro Cezar Pereira (vasto conhecedor da história do Flamengo e seu torcedor quando fora da profissão) ao canal do youtube “Boppismo“, na qual ele questionou certo exagero em relação ao Gabriel Barbosa, o Gabigol:
Pois bem, realmente, com os dois importantíssimos títulos da Libertadores conquistados em 2019 e 2022, muitos torcedores e jornalistas colocaram Gabigol entre os dois, três maiores jogadores da história do Flamengo. Eu, assim como Mauro Cezar Pereira, discordo de tal classificação. Apesar de reconhecer a importância daquelas conquistas e o papel de destaque do artilheiro rubro-negro, não posso desconsiderar que o futebol atual dentro do Brasil é muito inferior ao jogado aqui até o final dos anos 90, quando nossas equipes estavam realmente entre as melhores do mundo. Reflitam comigo, caros leitores, os melhores futebolistas e as grandes agremiações estão na Europa, onde o atual atleta do Cruzeiro não conseguiu se firmar como um jogador minimamente eficaz. Não se pode esquecer também que os mais talentosos jogadores brasileiros, ao contrário do que acontecia no passado, são transferidos para a Europa ainda muito jovens. Resumindo: falta “bola” ao ídolo flamenguista protagonista deste artigo.
Essencial explicar que não tenho nada específico contra o Gabriel Barbosa. Possuo, de igual modo, semelhante pensamento em relação às hipérboles sobre outros atletas contemporâneos como Cássio (Corinthians) e Dudu (Palmeiras). Todos eles, inegavelmente, tiveram passagens extremamente marcantes e vitoriosas por seus clubes, porém chega a ser revoltante ouvir alguém colocar Cássio acima de Rivellino, Dudu acima de Ademir da Guia, ou Gabigol em algum patamar próximo ao de Zico (um dos maiores jogadores da história do futebol mundial).
Alguém poderia argumentar que há diferenças significativas entre “maior” e “melhor”. O primeiro termo envolveria as conquistas pelo clube, enquanto o segundo, a qualidade e o desempenho individual do jogador. De fato, uma divisão razoável, entretanto não podemos cair no anacronismo de julgar o passado com os critérios atuais. Bom lembrar que não havia essa fixação por Libertadores, e que os estaduais eram extremamente valorizados até poucas décadas atrás.
Ademais, acredito que o talento, a relevância nacional e mundial, a comparação com os demais nomes de sua era, devem ter peso significativo nas escolhas dos maiores de cada clube.. Nesse sentido, vale exemplificar com uma comparação entre Gabigol e Leandro, outro grande ídolo flamenguista. O “Peixe Frito” era o melhor lateral direito do futebol mundial, ao passo que ninguém, seriamente, cogitaria colocar o Gabriel Barbosa, mesmo com seus 2 títulos de Libertadores, perto do mais alto patamar entre os atacantes de sua época.
Em razão dos argumentos expostos acima, e graças à farta história do Rubro-negro carioca, concordo com a opinião de Mauro Cezar Pereira de que há vários acima do Gabigol no panteão flamenguista (Leandro e Júnior, por exemplo). Pessoalmente, eu nem o colocaria como titular numa seleção do Flamengo dos sonhos, contudo esse será assunto de um próximo artigo neste blog.