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Motivado pelo artigo publicado neste blog sobre a posição de Gabigol no ranking dos craques históricos rubro-negros, resolvi escrever este texto com a escalação do melhor Flamengo de todos os tempos.

Atenção, essencial explicar a diferença entre “maior” e “melhor”. Quando se fala em maior, leva-se em conta principalmente o papel dos jogadores nas grandes conquistas do clube. Aqui, concentro-me nos melhores, no sentido da “bola” jogada pelo atleta e como se comparava aos seus contemporâneos, principalmente aos grandes jogadores do mundo de sua posição (desempenho pela seleção brasileira também influencia neste quesito), enquanto defendia o manto sagrado.

Pois bem, segue abaixo minha Seleção do melhores do Flamengo em todos os tempos, como vista a seguir (estatísticas e relação de títulos retiradas de ” Hall do Manto: escolha o seu time dos sonhos de todos os tempos | flamengo | ge ):

GOLEIRO

Júlio Cesar (1997-2004/2018): 287 jogos, 125 vitórias, 70 empates e 92 derrotas.

Pelo rubro-negro carioca, Júlio Cesar foi essencial na conquista marcante do estadual de 2001. Ficou no clube do início de sua jornada profissional até os seus 25 anos de idade. Em sua carreira de seleções naquele período, conquistou como titular a Copa América de 2004, defendendo um pênalti na final contra a Argentina.

Principais títulos: Copa dos Campeões Mundiais 1997, Campeonato Carioca 2000, 2001 e 2004, Copa dos Campeões 2001.

Vale informar que cogitei o grande Raul Plassmann nesta posição, porém ao considerar que ele estava não estava mais em seu auge quando chegou ao time do povo (pouco jogou pela Seleção, por exemplo), optei pelo Júlio Cesar. Importante dizer que o Plassmann certamente estaria na minha seleção dos maiores do Flamengo, em razão de ter sido o goleiro do momento mais vitorioso da era Zico.

LATERAL DIREITO

Leandro (1978-1990): 414 jogos, 239 vitórias, 98 empates e 77 derrotas; 14 gols.

Um craque na lateral direita, o “Peixe Frito” foi um jogador completo, um dos melhores de todos os tempos em sua posição, e titular do Brasil na Copa do Mundo de 1982, representando as cores do manto sagrado. Em entrevista, o competente jornalista Mauro Cezar Pereira elegeu Leandro entre os cinco melhores jogadores que viu ao vivo em campo, ao lado de nada menos que Pelé, Zico, Maradona e Messi.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1978, 1979 (especial), 1979, 1981, 1986, Campeonatos Brasileiros de 1980, 1982, 1983, 1987, Copa Libertadores da América 1981, Campeão Mundial 1981.

ZAGUEIROS

Domingos da Guia (1936-1943): 227 jogos, 140 vitórias, 47 empates e 40 derrotas.

Defensor extremamente técnico, capaz de evitar chutões e sair com a bola dominada, “O divino Mestre” pode ser considerado o melhor zagueiro brasileiro em todos os tempos e o mais dominante do mundo em sua época; ele também defendeu o Brasil na Copa do Mundo de 1938, enquanto jogador do Mengão.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1939, 1942, 1943.

Aldair (1985-1989): 184 jogos, 97 vitórias, 50 empates e 37 derrotas; 12 gols.

Outro zagueiro bastante talentoso (conhecido por longos lançamentos precisos aos atacantes), que figura entre os melhores de sempre (comumente escalado no “Brasil dos Sonhos”), Aldair foi titular da seleção brasileira, vencedora da Copa do Mundo de 1994.

Principais títulos: Campeonato Carioca de 1986 e Campeonato Brasileiro de 1987.

Uma dura batalha entre Mozer (outro fantástico zagueiro, que seria titular na seleção dos maiores) e Aldair, que considero mais capaz com a bola nos pés.

LATERAL ESQUERDO

Júnior (1974-84/1989-93): 876 jogos, 508 vitórias, 212 empates e 156 derrotas; 76 gols.

Assim como Leandro, um craque completo, capaz de jogar em várias posições. Na “Era Zico”, Júnior, mesmo destro, consolidou-se como o principal lateral esquerdo do planeta, representando o Flamengo na lendária e talentosa Seleção Brasileira de 1982. Retornou veterano ao clube e foi o grande destaque do título brasileiro de 1992, atuando no meio de campo.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1974, 1978, 1979(especial), 1979, 1981 e 1991, Campeonatos Brasileiros de 1980, 1982, 1983, 1992, Libertadores da América 1981, Campeão Mundial 1981, Copa do Brasil 1990.

VOLANTE

Carpegiani (1977-1982): 223 jogos, 136 vitórias, 57 empates e 30 derrotas; 12 gols.

Um volante técnico, habilidoso e elegante, Carpegiani mostrou-se essencial na formação do melhor Flamengo de todos os tempos. Também representou o clube pela Seleção Brasileira.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas 1978, 1979 (especial), 1979 e 1981, Campeão Brasileiro 1980.

Poderia ter optado por vários outros jogadores como Andrade (provável titular se fosse uma seleção dos “maiores”), Carlinhos, Jayme de Almeida, Dequinha, Martin Volante, entre outros. Pesou a favor de Carpegiani a “bola jogada”, aspecto no qual leva vantagem sobre os demais.

MEIA-ARMADOR

Zizinho (1939-1950): 328 jogos, 189 vitórias, 62 empates e 77 derrotas; 142 gols.

O melhor jogador brasileiro e entre os melhores do mundo nos anos 40, Zizinho foi um meia excepcional e fora de série, que viveu grande parte do seu auge no Flamengo, período no qual venceu uma Copa América pelo Brasil.  Ídolo de Pelé, o velho Ziza está no panteão dos grandes gênios brasileiros no futebol.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1942-43-44.

Adílio, Everton Ribeiro, e outros estão no debate desta posição.

MEIAS-ATACANTES (posição no passado chamada de “Ponta de Lança”, leia o o seguinte artigo para entender mais sobre o assunto: Pelé era um autêntico camisa 10: a posição do Rei em campo e as táticas da era de ouro do futebol brasileiro – Blog do Otávio)

Zico (1971-83/1985-90): 732 jogos, 434 vitórias, 180 empates e 118 derrotas; 508 gols.

Escolha mais fácil de todo este artigo, uma vez que o “Galinho” é um dos melhores jogadores da história do futebol mundial, e, com certa vantagem, o maior artilheiro e ídolo da história do Flamengo. Além do mais, Zico disputou três Copas do Mundo enquanto jogador do clube. Considero, opinião compartilhada pelo próprio Rei do Futebol, que Arthur Antunes Coimbra foi o futebolista que mais se aproximou do Pelé em termos de estilo, domínio de todos os fundamentos e função em campo.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1972, 1974, 1978, 1979 (especial), 1979, 1981 e 1986, Campeonatos Brasileiros de 1980, 1982, 1983 e 1987, Campeão da Libertadores da América 1981, Campeão Mundial 1981.

Dida (1954-1963): 358 jogos, 218 vitórias, 62 empates e 78 derrotas; 253 gols (segundo na lista dos goleadores da história do Flamengo).

Ídolo de Zico, Dida também era um camisa 10 artilheiro, talvez o grande protagonista da história do clube até a chegada do Galinho. Iniciou a Copa do Mundo de 1958 como titular, deixando no banco de reservas nada mais, nada menos, que o Rei Pelé.

Principais títulos: Campeonatos Cariocas de 1954, 1955 e 1963, Torneio Internacional Hexagonal de Lima de 1959, Torneio Octogonal Sul-Americano de 1961, Torneio Rio São Paulo de 1961.

ATACANTES

Leônidas da Silva (1936-1941): 148 jogos, 92 vitórias, 28 empates e 28 derrotas; 147 gols.

Considerado no Brasil o inventor da bicicleta, decisivo e goleador, Leônidas foi provavelmente o melhor atacante do mundo, e certamente o maior ídolo brasileiro esportivo nos anos 30. Fenômeno cultural, seu apelido “Diamante Negro” virou nome de chocolate (comercializado ainda atualmente), um dos primeiros casos de marketing esportivo na história.  Como atleta do Flamengo, sagrou-se artilheiro da Copa do Mundo de 1938, torneio no qual o Brasil terminou na terceira posição.

Principal título: Campeonato Carioca de 1939.

Romário (1995-1999): 240 jogos, 125 vitórias, 59 empates e 56 derrotas; 204 gols.
Um dos maiores centroavantes da história do futebol mundial, o “Baixinho” chegou ao Flamengo como melhor jogador do planeta, um ano após liderar a Seleção na conquista do Tetra na Copa do Mundo de 1994, na mais impressionante contratação da história de um clube brasileiro. Um gênio do esporte, especialmente na grande área, local que dominou como poucos. Apesar da falta de grandes de títulos, Romário demonstrou toda sua habilidade e faro artilheiro, marcando incríveis 204 gols em 240 jogos. Seria titular do Brasil na Copa de 1998, mas, infelizmente, foi cortado por lesão.

Principais títulos: Campeonato Carioca de 1996 e 1999, Copa Mercosul de 1999.

Alguns torcedores prefeririam Adriano, Nunes, Zagallo, Sávio, Gabigol ou Bruno Henrique. Porém, bom recordar que estou escalando os melhores. O baixinho certamente estava entre os top atacantes mundiais durante seu período no Flamengo.  Adriano não estava mais em seu auge em 2009 e 2010, e assim como todos os outros mencionados, nunca foi tão craque quanto Romário.

DESENHO TÁTICO E EQUIPE TITULAR

Júlio Cesar; Leandro, Aldair, Domingos da Guia e Júnior; Carpegiani e Zizinho; Dida e Zico; Leônidas e Romário.

Caros leitores, vocês podem achar estranho a presença de três jogadores dos anos 30 e 40 (Domingos da Guia, Zizinho e Leônidas), e a ausência de campeões recentes das Libertadores de 2019 e 2022.

Pois bem, vale lembrar que estabeleci como critério chave para escolher os melhores, como o atleta se compara aos melhores jogadores de sua própria geração. Não obstante peças fundamentais em grandes e memoráveis conquistas, dignas de elogios e celebrações. nenhum jogador da era recente, seja Gabigol, Arrascaeta ou Bruno Henrique (os três certamente teriam melhores argumentos numa seleção de maiores do Flamengo, não de melhores), figura (ou figurava) entre os top do futebol mundial, tanto que jamais foram nem sequer cogitados pelas principais potências do futebol europeu. Notem que esse aspecto não teria tanta relevância até o final dos anos 90 e início dos 2000, quando a diferença entre os clubes tops europeus e sul-americanos não era tão significativa quanto se vê desde os últimos 15 anos. Tais futebolistas também têm claras falhas no quesito seleção: Gabigol e Bruno Henrique, pois nunca titulares do Brasil, nem convocados para a Copa do Mundo; e Arrascaeta ao não se firmar como titular pelo Uruguai. Esses argumentos parecem não dar reais chances a quem atual no futebol brasileiro hoje, pois os nossos melhores atletas saem cada vez mais jovens do Brasil (Endrick e Estevâo são exemplos recentes). Isso realmente torna mais difícil, mas não impossível, haja vista Neymar, que certamente seria titular numa seleção dos melhores de todos os tempos do gigante Santos.

Os craques dos anos 30 e 40 não “pecam” nesses quesitos, Domingos da Guia, Zizinho e Leônidas, indubitavelmente, estavam entre os melhores jogadores do mundo, além de titulares absolutos da Seleção Brasileira.  Algo essencial que lhes favorece e que não pode ser esquecido é o papel determinante que aqueles craques antigos tiveram em estabelecer o Flamengo como o clube mais popular do país, durante a era do rádio (ao revés da lenda urbana: “fator rede Globo”).

Por fim, se eu estivesse que escalar uma Seleção dos Maiores do rubro-negro carioca, tendo como foco principal as conquistas de Libertadores (critério com o qual não concordo, como explicado em artigo postado sobre Gabigol, mencionado no início deste texto), ela seria a seguinte: Raul Plassmann; Leandro, Domingos da Guia, Mozer e Júnior: Andrade, Adílio, Arrascaeta e Zico; Bruno Henrique e Gabigol.

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