Belíssimo poema do meu avô, Dagmar Pinto, em homenagem ao seu filho, Otávio, falecido prematuramente aos 33 anos, deixando viúva e três filhas.
Originalmente publicado na coluna “Livros”, de Junot Silveira, na página 5 do jornal “A TARDE”, edição de 10 de abril de 1965. Como não há registro online do poema, resolvi postá-lo nesse singelo espaço.
‘’ HÁ UMAS MÃOS ACENANDO…”
Há umas mãos acenando
— Asas aflitas surpresas —
Para o amanhã impossível,
Para o amanhã que não veio.
Há umas mãos acenando
Das regiões misteriosas,
Num apêlo inútil à vida:
Mãos que semearam o amor
Pelos caminhos — essa luz maravilhosa
Que transfigura o mundo
E põe em cada chaga uma rosa.
Do alto das imensidades
Há umas mãos acenando,
Numa angústia silenciosa,
Para os três lírios do teu sangue,
Carne viva de tua carne.
Há umas mãos acenando
Para as estrêlas longínquas,
Que brilham como os teus sonhos,
Agora refletidos na minha alma,
Agora buscando o Infinito.
Meu filho, escuta:
Parece que a cidade está morrendo
Que seres e coisas se estiolam
Ante a longa ausência sem esperança.
No passado envôlto em brumas,
Que se esgarçam tristemente,
Vejo-te as mãos estendidas
Da criança que desperta,
No seio da noite imensa,
Para o tênue sonho desfeito.
Terei sempre nos meus olhos
Os teus olhos sem luz,
O teu corpo inerte, gelado…
Mas do outro lado da vida
Há umas mãos acenando.
Márcia Basanez Dias
Que lindo e emocionante presente para todos nós, meu querido Otávio!
Seu nome foi escolhido em homenagem ao nosso querido Tio Otávio. E você faz jus a essa sublime intenção, por sua sensibilidade, empatia, caráter e amor no coração.
Vou encaminhar esse belo poema para a bela família que ele deixou, saudosamente.
Muito obrigada, meu querido primo e sobrinho!
Você é mais que especial!
Te amo!